29.7.11

This Is Your Life (5/7)

TítuloEsta É Sua Vida
Resumo: Oliver está perdendo o rumo, conseguirá Chloe descobrir o que está errado e consertar antes que ele estrague tudo?
Autora: bella8876
Classificação:PG-13 pela linguagem
Spoilers: final da sétima temporada
Nota da autora: Essa história se concentra mais em Oliver e em suas lembranças, sua trajetória e tal. Espero que a história não fique muito confusa. O que está em itálico são lembranças.
Capítulos anteriores: Um :: Dois :: Três :: Quatro

"Sem mais lembranças, sem mais passado. Agora é o futuro, é o que poderia ser." Mark explicou a eles. "Este é o futuro de vocês dois na verdade, baseado no caminho atual de Oliver. O futuro é um lugar amplo, então eu vou pular de um lugar para o outro, mas a viagem vai ser suave, eu já fiz isso antes." Ele sorriu para os dois e eles foram arrancados do cemitério direto para a cobertura de Oliver, sem girar, sem desaparecer, eles simplesmente estavam lá.

Oliver entrou na sala completamente concentrado em seu livro quando olhou pra cima e viu Chloe sentada no sofá. "Você está tornando isso um hábito." Ele suspirou.

"Bem, eu não me importo." Chloe se levantou. "Você não vai se livrar de mim tão facilmente. Você pode demitir quantas pessoas quiser, eu não vou a lugar nenhum."

"Chloe, eu realmente não quero discutir isso de novo com você. Está acabado e eu não vou mudar de ideia." Ele colocou o livro na mesinha.

"Não é por isso que eu estou aqui." Ela disse. "Esse foi o assunto das últimas seis visitas, mas não vou continuar lutando uma batalha perdida. Eu sei disso agora."

"Então, o que você está fazendo aqui?" Oliver perguntou.

"Eu sinto sua falta." Ela disse simplesmente. "Eu sinto falta do meu amigo, eu sinto falta do meu... antes de tudo acontecer eu achei que estivéssemos chegando em algum lugar, você e eu, achei que estávamos mais próximos e talvez..."

"Estávamos." Oliver garantiu, aproximando-se. "Estamos." Ele se corrigiu.

"Mas você simplesmente parou. Você parou de ligar, parou de me mandar emails. Achei que você não quisesse mais tomar aquele caminho e está tudo bem." Ela se apressou em assegurar. "Está tudo bem, mas eu não quero perder meu amigo."

"Olha." Ele se aproximou até ficar na frente dela. "Eu quero seguir aquele caminho. Eu quero ver onde vai nos levar, mas eu preciso de um tempo, tem algumas coisas que eu preciso cuidar antes de estar pronto pra fazer isso."

"Que coisas?" Chloe perguntou.

"Eu não posso... eu só preciso ter certeza de uma coisa primeiro, ok?" Oliver sorriu pra ela e ela assentiu. O que mais ela poderia fazer? Oliver se abaixou lentamente e deu um beijo em seus lábios antes de se afastar. "Eu te procuro, quando eu estiver pronto."

"Ok." Chloe assentiu.

Oliver e Chloe não conseguiam olhar um para o outro. Desde quando ela saiu daquele lugar, desde quando ela ficou sob os cuidados de Oliver, eles foram ficando cada vez mais próximos. No tempo presente, eles ainda não tinham admitido em voz alta, eles definitivamente ainda não tinham se beijado e era estranho ver esse momento acontecendo bem na frente deles.

Oliver olhou para o uniforme do Arqueiro Verde em sua frente e respirou fundo antes de vesti-lo pela última vez. Ele se arrumou e saiu do quarto, estava na Torre do Relógio, então ele estava em Metrópolis. Ele andou pela cidade, tirou alguma coisa do bolso, leu rapidamente e reajustou sua posição. Ele finalmente avistou o telhado que estava procurando e foi até lá. Ele se posicionou e então pegou o arco, alinhou a visão e checou o vento, ajustou a flecha e então, esperou.

"O que está acontecendo aqui?" Chloe perguntou confusa.

"Por que você não conta pra ela?" Mark disse a Oliver.

"Eu não sei." Oliver deu de ombros.

"Não é esse seu plano?" Mark caminhou até o outro Oliver, o que estava com o arco e flecha. "Seu verdadeiro plano?"

"Eu não tenho um plano." Oliver balançou a cabeça.

"Você não pode mentir pra mim." Mark o repreendeu. "Não aqui." Ele acrescentou.

"Se você sabe tanto, você me diz o que eu estou fazendo." Oliver cruzou os braços sobre o peito.

"Achei que fosse óbvio." Mark revirou os olhos. "Você está prestes a matar Lex Luthor."

O rosto de Oliver não registou tanta surpresa quanto Chloe esperava, do mesmo jeito que o rosto dela. "Como é?" Ela disse a Mark.

"Ele vai matar o Lex. Assassinar, que seja." Mark explicou apontando para o prédio do outro lado da rua onde as portas se abriam.

"Ele não faria isso." Chloe balançou a cabeça.

Lex saiu do prédio e respirou fundo enquanto esperava pelo carro. Oliver relaxou o aperto no arco para pegar o telefone. Ele apertou alguns botões e então esperou. Lá embaixo na rua, Lex pegou o celular no bolso e leu alguma coisa na tela antes de olhar pra cima confuso, escaneando os telhados até ver Oliver. Não houve tempo para correr ou se esconder ou qualquer outra coisa quando Oliver soltou a corda e a flecha voou atingindo o coração de Lex. Oliver tinha desaparecido antes que o corpo de Lex atingisse o chão.

"Meu Deus." Chloe arfou ao ver a cena. "Você não faria isso. Fala pra ele que você não faria isso."

"Você faria." Mark discordou. "Pra garantir a segurança de Chloe; pra garantir que todo mundo ficasse em segurança, você faria."

Chloe olhou com desgosto de Mark para Oliver, que estava olhando para a cena na rua, o corpo de Lex Luthor. "Pra proteger você?" Ele se virou para Chloe. "Pode apostar que eu faria."

Ela balançou a cabeça incrédula. "A coisa que ele disse que tinha que fazer antes de ficarmos juntos, era isso, não era?" Chloe perguntou e Mark confirmou.

"Ele aparece no seu apartamento no dia seguinte com flores e uma garrafa de vinho e lá no fundo você sempre suspeita que era isso, mas você não se permite realmente acreditar, você não consegue." Mark disse.

"Por quê?" Chloe perguntou.

"Porque você o ama." Mark disse a ela como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Mark virou sua atenção para outro lugar e o beco mudou para a cena do primeiro encontro de Chloe e Oliver, então o terceiro, e o quarto. Oliver tossiu enquanto via a si mesmo se abaixando em cima de Chloe em sua cama e olhou feio para Mark.

"Eu sei que isso tecnicamente ainda não aconteceu, mas tenho certeza que continua sendo privado." Ele pontuou.

"Certo, desculpe." Mark fez uma careta. "Vou passar um pouco pra frente." De repente tudo estava acelerando, a vida de Chloe e Oliver passando em flashes diante deles como se fosse um DVD sendo passado pra frente. Diminuiu um pouco e Chloe se viu parada na frente de Oliver que segurava uma caixinha com um anel. "Oh, o noivado. Não vamos assistir muito pra não estragar a surpresa." O tempo acelerou novamente e de repente eles estavam numa igreja, Chloe num vestido de noiva andando pelo corredor. Mark sorriu. "É um lindo casamento na primavera." Ele disse a eles antes de mover a cena para outros dias, outros anos. De repente, Chloe estava num hospital, gritando enquanto dava à luz. "Parabéns, é um menino." Mark disse a eles e Chloe segurou o braço de Oliver enquanto assistia uma criança, sua criança, com quem ainda nem sonhava, muito menos concebê-la, crescer diante de seus próprios olhos. "Aqui está." Mark disse diminuindo tudo para a velocidade normal.

Oliver estava no meio de seu discurso quando ouviu gritos vindos de fora da sala de conferência. "Desculpe, Sra. Queen, mas ele está numa reunião."

"Eu não quero saber se o Presidente dos Estados Unidos está aqui; eu preciso ver meu marido." Chloe gritou de volta.

"Senhores." Oliver suspirou. "Se vocês me dão licença por um momento." Ele saiu da sala e caminhou até Chloe que parecia histérica.

"Oliver." Ela disse aliviada e se jogou em seus braços.

"O que aconteceu?" Ele perguntou confuso.

"É o Chase." Chloe arfou enquanto as lágrimas desciam por seu rosto. "Eu fui buscá-lo na escola e ele não estava lá, os professores não sabiam onde ele estava, eu liguei pra todos os amigos dele, eu liguei pra todo mundo e ninguém... então eu recebi isso." Ela pegou o telefone e mostrou a ele. Era uma foto de Chase, o filho de dez anos de Oliver vendado e amarrado em uma cadeira. Estava escrito quatro horas na parte debaixo da foto e Oliver checou o relógio. Era 14:45hs.

"Você chamou a polícia?" Ele perguntou a Chloe tentando acalmá-la.

"Não, eu não sabia se deveria." Ela olhou pra ele. "Eu não sei se pode ser por causa..." Ela deixou a frase no ar. Se era por causa dele, por causa do Arqueiro Verde. Embora ele não tivesse mais vestido o uniforme nos últimos dez anos, ele ainda tinha alguns inimigos.

"Chame a polícia." Oliver disse. "Chame agora."

Chloe assentiu e a secretária de Oliver lhe passou o telefone. Chloe respirou tremulamente quando alguém respondeu. "Eu gostaria de informar um sequestro." Ela disse.

De repente Chloe era outra pessoa, sentada no quarto, numa cama segurando um dinossauro de pelúcia. Oliver parou na porta. "Você precisa comer."

"Eu não estou com fome." Ela balançou a cabeça.

"Chloe..." Oliver fechou os olhos.

"Faz três dias e eles não sabem de nada?" Ela se virou pra ele, sua raiva já tinha desaparecido a essa altura, a única emoção para a qual ela ainda tinha energia era a esperança.

"Eles estão trabalhando duro." Oliver tentou tranquilizá-la, sentando-se na cama ao lado dela.

"Está em todos os noticiários, é... eles não tem nenhuma pista?" Chloe deitou a cabeça no peito de Oliver. "Deixa eu ligar pra ele."

"Não." Oliver disse com firmeza. "A polícia pode resolver isso." Chloe bufou. "Eu não quero ele envolvido nisso."

"Isso não diz respeito só a você, Oliver. Isso diz respeito ao nosso filho, em trazê-lo de volta, em mantê-lo em segurança. Por um segundo você pode deixar de lado sua estupidez... Eu vou ligar pra ele." Ela se afastou de Oliver e pegou o celular do bolso.

Oliver olhou ao redor do quarto vazio de seu filho e então de volta para Chloe que parecia ter envelhecido dez anos em três dias. "Tudo bem." Ele disse e se levantou pra sair do quarto.

Chloe suspirou aliviada e ligou para o número familiar. Tudo que ela teve que dizer foi apenas uma palavra quando o telefone foi atendido, mesmo depois de tantos anos. "Clark?" Ela implorou e antes que terminasse a frase, sentiu o vento atrás dela, braços fortes ao seu redor. Ela se virou para ver o Super Homem parado no quarto de seu filho e ela chorou aliviada. "Eu preciso de você." Ela sussurrou pra ele.

"Eu só estava esperando sua ligação." Ele beijou o alto de sua cabeça e desapareceu do quarto.

"Ele encontrou Chase duas horas depois." Mark disse. "Levou o menino pra casa a salvo. Ele era uma criança, e crianças se recuperam rápido de coisas assim, mas vocês dois não tiveram tanta sorte. Vocês tentaram, vocês realmente tentaram." Ele disse com tristeza enquanto o tempo passava pra frente rapidamente e Chloe mal conseguia acompanhar tudo. Ela estava grávida, então dando à luz, outro menino, depois uma menina. Ela conseguiu perceber alguns momentos, pequenas cenas, Chloe deitada sozinha na cama depois de ter feito as crianças dormirem. Chloe e Oliver brigando, gritando um com o outro, Oliver ficando até cada vez mais tarde no escritório. "Quase lá." Mark disse enquanto Chloe assistia seu casamento desmoronar. "Chegamos."

Chloe entrou na cobertura carregando várias sacolas do supermercado. "Eu te ajudo mãe." Ela olhou pra cima e viu um rapaz alto, com seus quinze ou dezesseis anos indo em sua direção. Ele pegou as sacolas e parou quando ouviu vozes no corredor vindo do escritório de Oliver.

"O que está acontecendo?" Chloe perguntou a Chase que deu de ombros enquanto ia para a cozinha.

Chloe caminhou lentamente pelo corredor, tentando ouvir algumas partes da conversa quando de repente a voz foi reconhecida. "Bruce?" Ela abriu a porta e entrou. A conversa anterior aparentemente terminando. "Olá?"

"Ei Chloe." Bruce sorriu e foi até ela lhe dar um abraço. "Como você está? Quanto tempo." Ele disse envergonhado.

"Eu estou bem." Chloe olhou de Bruce para Oliver confusa. "Está tudo bem aqui?"

"Sim, Bruce estava indo embora." Oliver deu a volta na mesa e foi até a porta.

"Então, é isso, você não vai nem pensar?" Bruce se virou para Oliver.

"Não." Oliver balançou a cabeça e Bruce saiu do escritório.

"Nada, não se preocupe com isso." Oliver esboçou um sorriso pra ela. "Você chegou mais cedo."

"Chase tem um jogo hoje." Chloe o relembrou. "Eu achei que poderíamos ir juntos."

"Eu tenho muito trabalho pra fazer, Chloe." Oliver suspirou.

"Você prometeu a ele." Chloe colocou a mão nos quadris.

"Eu vou fazer o possível. Você deveria ir na frente sem mim." Oliver se sentou em sua mesa e voltou para seu computador, efetivamente a dispensando. Chloe balançou a cabeça e saiu. Ela correu até a sala e alcançou Bruce quando ele estava saindo. "Ei, é sério, o que estava acontecendo lá?"

Bruce suspirou; ele tinha aprendido há muito tempo que nada passava por Chloe. "Eu estou tendo alguns problemas em Gotham. Problemas do Batman, eu estava esperando que Oliver pudesse vestir o uniforme pra me ajudar."

Chloe suspirou. "Ele nem vai pensar sobre o assunto?"

"Não." Bruce balançou a cabeça.

"É grave?" Chloe perguntou e quando Bruce não respondeu ela sabia que o problema era muito sério. "Sabe, meu marido não é o único heroi aposentado na minha agenda. Você quer que eu chame a cavalaria?"

"Não. Obrigado pela oferta mesmo assim." Bruce sorriu pra ela por um segundo e então a abraçou novamente, beijando sua testa. "Tchau, Chloe."

"Tchau." Chloe sussurrou se perguntando porque isso parecia uma despedida.

**********

"Chloe, você viu minha pasta?" Oliver entrou na sala olhando ao redor. "Chloe? Terra chamando Chloe." Ele parou atrás dela que estava com os olhos grudados na televisão. "Ei, o que...?"

"Novamente, estamos voltando com as últimas notícias, Batman, cuja identidade se revelou ser ninguém menos que Bruce Wayne foi morto ontem à noite numa tentativa de..."

"Oh Deus, Chloe." Oliver estendeu a mão para tocá-la e ela se encolheu, afastando-se. "Chloe?"

Ela virou pra ele, olhos brilhando com lágrimas e raiva. "Ele veio pedir sua ajuda." Ela chorou. "Ele veio e você..." Ela balançou a cabeça, lágrimas caindo e então saiu da sala passando por ele.

**********

Oliver estava sentado em seu escritório com um copo de uísque quando a porta abriu e Chloe entrou, seu rosto inexpressivo. "Meu voo parte em uma hora, eu estarei de volta amanhã."

"De volta de onde?" Oliver perguntou confuso.

Chloe olhou pra ele atônita. "Do enterro." Oliver pareceu entender. "A babá está aqui, ela vai cuidar das crianças."

"Você não vai levá-los?" Oliver pareceu confuso. "Bruce era padrinho do Chase."

"Sim, mas não vou levar meus filhos para Gotham City." Chloe disse como se fosse óbvio.

Oliver assentiu distraidamente. Desde a morte de Batman, a cidade tinha se transformado numa zona de guerra. "Eu não tenho certeza se quero que você vá pra Gotham City."

Chloe olhou feio pra ele, a primeira emoção que ela demonstrava desde que tinha ouvido as notícias. "Eu vou ao enterro de Bruce." Ela abotou o casaco.

**********

"O que é isso?" Oliver perguntou confuso olhando para o envelope que Chloe tinha acabado de jogar em sua mesa enquanto abria. Chloe não disse nada. Ele pegou os papeis e os leu, franzindo a testa. "Pedido de divórcio?" Oliver olhou pra ela.

"Honestamente, isso não pode ser uma surpresa pra você." Chloe suspirou.

"Não pode ser?" Oliver perguntou. "Porque eu estou muito surpreso aqui."

"Mesmo?" Chloe olhou pra ele. "Oliver isso tem... esse momento vem se aproximando há algum tempo."

"Não, não havia nada se aproximando." Ele olhou pra ela. "Não pra mim."

"Eu estou levando as crianças para a casa de praia, estamos nas férias de verão, então isso vai me dar tempo pra encontrar uma casa e fazer a mudança. Eu quero que a transição seja tranquila pra eles."

"Você vai levar as crianças?" Oliver perguntou tentando entender. "Você vai procurar uma casa?"

"Você achou que iríamos morar juntos depois do divórcio?" Chloe sorriu tristemente pra ele.

"Considerando que eu acabei de saber sobre o divórcio, eu não tive tempo pra pensar em nada."

"De qualquer jeito Oliver, eu não posso deixá-lo nesta cidade." Chloe balançou a cabeça. "Não agora."

"O que isso significa?" Ele perguntou confuso.

"Você realmente não pode me dizer que não está vendo o que está acontecendo. O que começou em Gotham?" Chloe disse. "Não vai demorar muito pra Star City ter o mesmo fim e eu não quero meus filhos aqui quando isso acontecer." Ela saiu da sala, efetivamente impedindo que ele pudesse responder. Ela tinha sido direta. Quando Batman morreu Gotham se tornou uma zona de guerra, crime e pobreza, e quem tinha a sorte de conseguir sair, não olhava pra trás.

Era como se todas as grandes cidades estivessem seguindo seu exemplo, Star City estava entre elas. Oliver nem saía mais durante a noite, ele definitivamente não queria sua mulher ou filhos fazendo isso. Ele olhou para os papeis do divórcio em suas mãos citando diferenças irreconciliáveis, mas Oliver sabia que na verdade Chloe estava cansada de fingir que estava tudo bem em estar casada com o homem que Oliver realmente era e não com o homem que ela esperava que ele fosse.

**********

Oliver desligou o carro e saiu, se espreguiçando. Parecia ser a primeira vez que se levantava no dia. Antes que pudesse terminar de se espreguiçar no entanto, ele quase foi derrubado por uma garotinha de oito anos gritando. "Papai!". Ele sorriu e se abaixou para pegá-la, sentindo seu irmão agarrando suas pernas segundos depois de ter pego a garotinha no colo.

"Pai!" O garoto passou os braços ao redor das pernas de Oliver, enquanto a garotinha lhe enchia de beijos.

"Você está atrasado." Uma voz séria disse em sua frente e Oliver olhou dentro dos olhos de sua ex-mulher.

"Eu sinto muito, Chloe." Ele suspirou, colocando a garotinha no chão. "Eu fiquei preso no trabalho."

"Três horas de atraso." Chloe disse, cruzando os braços sobre o peito. "Você sabe que eu não gosto de ficar no parque depois que escurece."

Oliver quis relembrá-la que ela poderia muito bem ter ido até sua cobertura deixar as crianças ao invés de insistir que fizessem a troca no meio da cidade, mas ela não tinha mais entrado lá desde o divórcio. "Onde está o Chase?" Foi o que ele disse no entanto.

"Ele está no cinema com alguns amigos." Chloe passou duas bolsas para Oliver, uma pra cada uma das crianças. "Nos fins de semana ele tem que voltar antes da uma, mas ele sempre chega antes. Ele vai direto pra sua casa."

"Não." Oliver suspirou. "Ele vai ir direto pra sua casa e fingir que esqueceu que era meu fim de semana, então ele vai dizer que está muito tarde pra dirigir até lá e vai escapar, mais uma vez." Oliver suspirou. Chloe não tinha nada a dizer porque era o que Chase havia feito nas últimas três vezes que era fim de semana do Oliver. "Ele me odeia."

"Ele tem dezessete anos." Chloe sorriu. "Ele odeia tudo."

Oliver abriu a boca pra dizer alguma coisa quando sentiu um puxão em sua calça. "Pai!" Oliver olhou pra baixo. "Quando chegarmos na sua casa, eu posso mostrar o novo golpe de karatê que o tio Bart me ensinou?" Oliver olhou de seu filho para Chloe, que teve a decência de desviar o olhar.

"Claro. Ryan leva a Anna e ajude-a a colocar o cinto de segurança, ok?" Ryan assentiu e segurou a mão de sua irmã, ajudando-a a entrar no carro. Oliver olhou para Chloe. "Bart ainda toma conta deles? Você sabe o que eu penso sobre isso, eu não quero... aquelas pessoas perto dos meus filhos."

Chloe ergueu as sobrancelhas. "Você está esquecendo que eu também sou uma dessas pessoas?" Ela disse, sabendo que ele se referia aos metas. "E geneticamente há cinquenta porcento de possibilidade de seus filhos serem um também."

"Mas eles ainda não são, e eu não os quero expostos a isso antes que seja necessário." Oliver pontuou.

"Sim, bem, eu preciso de alguém em quem confiar que eles estejam seguros." Chloe respondeu.

"Eu já falei, eu contrato guarda-costas." Oliver disse.

"Não." Ela falou seriamente. "Eu quero meus filhos a salvo, mas eu quero que eles tenham ao menos a ilusão de uma infância tranquila." Ela olhou feio para Oliver. "Além do mais, os guarda-costas não ajudaram quando Chase foi sequestrado."

Oliver se encolheu. "Nós trouxemos o Chase de volta."

"O Super Homem trouxe o Chase de volta." Chloe disse antes que pudesse se impedir.

"Por que você sempre faz isso?" Oliver disparou. "Toda vez eu... não, quer saber, eu estou cansado, eu não quero brigar hoje." Ele correu as mãos pelo rosto e suspirou.

"Você está horrível." Chloe esboçou um sorriso. "Você está se alimentando? Dormindo direito?" Oliver ergueu uma sobrancelha pra ela. "Eu só... só estou preocupada com você, Ollie."

Oliver olhou feio pra ela. "Sabe, quando você me entregou aqueles papeis do divórcio, você perdeu o direito de se preocupar comigo."

Chloe ficou tensa e em seguida relaxou. "Ryan tem um jogo de futebol amanhã às dez no Parque Fletcher, não esqueça e a cerimônia começa às sete, eu separei as roupas pra eles."

"Cerimônia?" Oliver olhou pra ela confusa e Chloe fechou os olhos.

"A colação do Chase."

"Certo." Oliver assentiu; ele não acreditava que tinha esquecido. "Sete horas." Ela sorriu suavemente pra ele. "Então, grandes planos para o fim de semana?"

"Não, só trabalho." Ela balançou a cabeça.

"Você não está mais escrevendo aquela história sobre o Senhor Johnny, está?" Oliver perguntou.

"Como você sabe disso?" Chloe perguntou secamente.

"Eu pedi para o seu editor desistir dessa história, tirar você dela."

"Você fez o quê?" Ela perguntou. "Você não pode interferir na minha vida Oliver, na minha carreira."

"Eu estou cuidando de você, Chlo. Esse cara é perigoso, ele é o maior chefe do crime que Star City já viu e ele é cruel."

"Bem, como você mesmo disse, já que não somos mais casados, você não precisa se preocupar comigo. Além do mais, não é como se não houvesse outras pessoas tentando derrubar esse cara." Ela se virou e Oliver suspirou, jogando as bolsas no porta-malas e entrando no carro. "Então, quem vai querer sorvete?"

"Ainda não jantamos." Ryan pontuou, sem tirar os olhos de seu vídeo-game.

"Ok , então jantar..." Oliver ligou o carro e já estava começando a sair quando Anna gritou.

"Espera!" Ela abriu o cinto e Oliver pisou no freio.

"O quê?" Ele se virou para olhar pra ela.

"Eu esqueci a bolsa com minha roupa de dança." Anna disse. "Está no carro da mamãe. Eu tenho aula amanhã." Antes que Oliver pudesse impedi-la, ela desceu do carro e correu até o carro de Chloe.

Chloe enxugou os olhos, mesmo depois de dois anos, ela odiava essa parte, deixar as crianças, ir pra casa sem eles. O que era pior do que acordar no dia seguinte e não tê-los ali. Ela tentou encontrar as chaves na bolsa quando ouviu um pequeno som atrás dela. "Sra. Queen, você é uma mulher muito difícil de encontrar sozinha." Chloe congelou de medo e se virou lentamente para ver um rosto sorridente atrás dela. "Você sabe quem eu sou?" Ele perguntou.

"Senhor Johnny." Chloe sussurrou.

"Bom. Isso deixa tudo mais fácil." Ele tirou a arma do casaco e sorriu. "Você está me dando muito trabalho, muito trabalho."

"Eu sinto muito." Chloe disse, embora seu tom fosse irônico.

"Você deveria se sentir especial. Faz muito tempo que alguém não é importante o suficiente para eu matar pessoalmente."

"Olha..." Chloe começou a falar mas foi interrompida por uma voz familiar.

"Mamãe, espera!" Anna estava correndo para o carro e Chloe se virou para o Senhor Johnny, seu rosto repleto de medo. "Minha bolsa da aula de dança."

"Olha, se você vai me matar, tudo bem, mas essa é minha filha. O carro do pai dela está logo ali. Deixa eu entregar a bolsa e ela vai embora, por favor." Chloe pediu. "Eu só não quero que ela veja..."

Senhor Johnny olhou para a garotinha de oito anos que vinha correndo e então abaixou a arma. "Eu não sou um monstro, Sra. Queen." Ele deu um passo pra trás voltando para as sombras. "Mas se você tentar alguma coisa..."

"Eu não vou." Chloe assegurou e se virou para Anna, forçando um sorriso. "Ei docinho."

"Esquecemos minha bolsa." Anna disse, cansada da corrida.

"Está no porta-malas." Chloe disse. Ela caminhou tremendo até atrás do carro, precisou de três tentativas pra conseguir abrir a tranca. Ela pegou a bolsa e se virou para Anna. "Aqui." De repente percebendo o que ia acontecer, Chloe se ajoelhou e puxou a menina para um forte abraço.

"Mãe." Anna reclamou e Chloe podia sentir as lágrimas em seus olhos.

Ela se afastou o suficiente para beijar a testa de Anna. "Esse é para os seus irmãos." Ela disse, beijando-a novamente.

"Eca, eu não vou beijar eles." Anna se contorceu.

"Por favor!" Chloe disse, lágrimas caindo agora. "Por mim."

Anna olhou pra sua mãe e assentiu, nunca a tinha visto tão triste. "Você está bem?" Ela perguntou.

"Eu só vou sentir saudade de vocês." Chloe sorriu. "É só isso. Olha, eu preciso que você faça uma coisa pra mim, você pode fazer isso?"

"Sim." Anna respondeu.

"Eu preciso que você diga ao papai que eu amo ele, ok? Eu preciso que você diga a ele que eu o amo, e que ele precisa cuidar muito bem de vocês, ok?"

"Ok." Anna disse.

"Diga a ele..." Chloe começou mas foi interrompida quando um braço a fez se levantar.

"Já chega." A voz irritada do Senhor Johnny fez Anna se assustar e Chloe colocou a mão em seu ombro para acalmá-la. "Se manda, bebê."

Anna olhou do homem para sua mãe. Chloe assentiu pra ela, chorando ainda mais e Anna se virou, voltando para o carro de seu pai. Oliver pegou a bolsa dela e a jogou no porta-mala enquanto ela entrava no banco traseiro. Ele foi colocar seu cinto de segurança, mas ela não deixou. "Espera." Ela se inclinou sobre o banco e beijou a cabeça de Ryan, deixando o garoto e Oliver confusos.

"Eca, que foi isso?" Ryan limpou a testa.

"Mamãe disse pra eu fazer isso."

"E daí?" Ryan olhou feio para sua irmã enquanto Oliver a colocava na cadeirinha.

"E daí que eu prometi." Anna se virou para Oliver. "Ela mandou eu dizer uma coisa pra você também, papai, era importante."

"Ok." Oliver olhou para Anna.

"Ela mandou dizer que ama você."

"Ela o quê?" Oliver parou e olhou para sua filha confuso. "Ela disse que me ama?"

"Sim." Anna assentiu. "E ela mandou dizer pra você cuidar muito bem da gente."

"Por que ela disse isso?" Oliver perguntou ainda mais confuso.

"Eu não sei." Anna deu de ombros. "Acho que ela ia dizer alguma coisa quando o homem mau fez ela parar."

"Homem mau?" Oliver perguntou, agora preocupado.

"Sim, ele fez ela chorar e então me chamou de bebê." Anna ergueu o queixo. "Eu não sou um bebê."

"Claro que é." Ryan zombou. "Você só tem oito anos."

Chloe não dizia que o amava há anos, por que de repente professar seu amor por meio da filha de oito anos, e quem era o homem mau? A preocupação virou medo quando ele claramente ouviu o barulho de tiros, vindo da direção de onde Chloe havia estacionado. Oliver sentiu as veias congelarem e ele se virou para seus filhos. "Fiquem no carro, tranquem a porta, e não abram a não ser que eu mande, ok?"

Ryan assentiu enquanto Oliver fechava a porta do carro e ia em direção ao carro de Chloe, parando quando a viu, caída no concreto sujo, uma poça de sangue embaixo dela. "Chloe." Ele sussurrou enquanto se ajoelhava. "Chloe!" Ele quase sorriu aliviado quando viu os olhos dela se abrirem. Ele pegou o telefone e ligou para a polícia, avisando sobre os tiros e dizendo para mandarem uma ambulância. "Eles vão chegar logo."

"O tempo de espera para atendimento a essa hora é de quarenta e cinco minutos." Chloe arfou. "Eu não vou aguentar."

"Não fala isso." Oliver disparou. "Não fala isso." Ele estava aplicando pressão em seus ferimentos e ela sorriu, levando uma mão manchada de sangue até o rosto dele. Ela tossiu e o sangue escorreu pelo canto de sua boca. "Que fez isso com você?" Ele perguntou, sua respiração acelerando, suas mãos muito lentas, ele não conseguia parar o sangramento.

"Senhor..." a voz de Chloe falhou.

"Senhor Johnny?" Oliver perguntou surpreso. Chloe assentiu.

"Meu notebook." Ela disse a ele. "No carro, no banco."

"O quê?" Oliver olhou para o carro dela. "Tem alguma evidência nele?" Ele perguntou confuso.

"Horários." Chloe disse. "Das crianças." Ela tossiu novamente. "Escuta, Ryan tem futebol às quintas e sextas e Anna tem dança às terças, e aos sábados a cada quinze dias."

"Shh, não perca seu tempo." Oliver falou enquanto o sangue parecia esguichar do ferimento, escorrendo por seus dedos.

"É importante." Chloe sorriu. "Anna tem dentista na segunda, ela odeia ir ao dentista, então quando ela fica boazinha, nós tomamos sorvete depois." Oliver balançou a cabeça pra ela. "Todos os telefones estão no meu notebook, da escola, médicos, tudo. Agora escuta, isso é importante." Oliver se concentrou nela. "O cheque da matrícula do Chase está na gaveta da minha mesa, precisa ser enviado no dia dezenove ou ele perde o dormitório, ok?"

"Pára." Oliver disse. "Pára de falar como se você não fosse estar aqui."

"Eu ia levá-lo até lá." Chloe podia sentir as lágrimas caindo agora. "Passar o dia com ele, ajudá-lo a arrumar tudo. Você vai ter que fazer isso agora."

"Você vai estar aqui." Oliver balançou a cabeça. "Você vai levá-lo."

"Não." Ela tossiu novamente, mais sangue. "Você vai levá-lo."

"Onde está a maldita ambulância?" Oliver gritou.

"Eu te amo, Ollie, eu nunca deixei de te amar." Ela falou baixinho antes de sua cabeça cair para o lado e sua respiração parar. Seus olhos perderam o foco, ficando cegos e Oliver entrou em desespero.

**********

"Ei." Lois parou na porta do escritório de Oliver, observando-o olhar para o vazio na escuridão. "As últimas pessoas já foram. Vamos limpar tudo e ir embora."

"Você não precisa fazer isso." Ele esfregou as mãos no rosto, mais agradecido do que poderia expressar à ajuda de Lois durante todo o dia. Oliver estava pronto para chamar este de o pior dia de sua vida e ele ainda não tinha terminado. Ele tinha enterrado sua ex-mulher, o amor de sua vida nesta tarde, então teve que vir pra casa e receber a multidão de pessoas que vieram de toda parte expressar suas condolências. Foi mais difícil do que ele imaginou que seria, ouvir tantas pessoas dizendo o quanto Chloe era maravilhosa e o quanto sentiriam falta dela. Ele sabia disso, ele sabia disso com toda fibra de seu ser e depois de duas horas ele não aguentou mais e se retirou para o escritório. Lois tomou a frente e fez o papel que seria dele e por isso ele seria grato por toda eternidade. "Você já fez mais do que o suficiente."

"Não, eu não fiz." Lois disse.

"Lois, eu..." Oliver foi interrompido quando Anna entrou na sala e foi direito para seu colo, abraçando com força seu coelhinho de pelúcia preferido. "Ei, docinho." Oliver passou os braços ao redor dela com força e a puxou mais perto.

"Podemos ir pra casa agora, Papai?" Ela olhou pra ele com tanta tristeza nos olhos que Oliver teve que respirar antes de falar, incerto se conseguiria pronunciar uma palavra sequer.

"Docinho, você está em casa." Ele a relembrou.

"Não, eu estou falando da minha casa, a casa da mamãe." Anna disse.

"Querida, aquela não é mais sua casa, você vai viver aqui com o papai agora." Ele disse.

"Não podemos viver aqui." Anna balançou a cabeça confusa. "Isso é um apartamento."

"Sim, mas ainda assim podemos viver aqui, você morava aqui antes que possa se lembrar."

"Você não tem um quintal para o Woodward." Anna pontuou e Oliver suspirou, ele tinha esquecido de Woodward, o cachorro que Chloe tinha comprado pra eles após o divórcio.

"Bem, podemos levá-lo pra caminhar." Oliver disse. "E o parque fica logo na esquina."

"NÃO!" Anna se afastou dele. "Não podemos levá-lo ao parque, não leve ele ao parque." Ela gritou.

"Calma, docinho." Lois se abaixou para abraçá-la, acalmá-la. "Por que não?"

"Não podemos levá-lo ao parque porque vão atirar nele. O homem mau vai atirar nele, e então atirar no papai."

"Calma." Lois a segurou. "Não vamos levar Woodward ao parque, ok? Agora, me escuta." Lois segurou o rosto de Anna e a fez se virar. "Ninguém vai atirar em ninguém, ok? Nem em Woodward, nem no seu pai, ou seus irmãos, ou em mim, em ninguém, ok?"

"Sim Anna, você não precisa se preocupar mais com o homem mau." Ryan disse. "Porque o papai vai pegar ele." Ryan olhou para um confuso Oliver. "Não vai pai?"

"O quê?" Oliver olhou para Ryan. "A polícia vai pegar ele, Ry, não eu."

"Eu te disse." Chase zombou e Oliver olhou para os dois garotos confuso.

"O que está acontecendo? Oliver perguntou.

"Mamãe falou que era um grande segredo, e nós nunca contamos a ninguém, nunca." Ryan disse.

"O que ela falou?" Oliver estava ainda mais confuso.

"Que você costumava ser um heroi." Ryan estava sorrindo agora. "Você era o Arqueiro Verde, e você salvava as pessoas e lutava contra os criminosos."

"Ela falou sobre isso com vocês?" Oliver perguntou.

"Sim, sempre que você se atrasava, ou quando não aparecia, ela contava histórias sobre como você costumava ser esse grande cara, esse super heroi." Chase zombou novamente.

"Mas..." Ryan olhou para Chase e seu pai, confuso. "Ela disse que você era..."

"Olha." Chase disse. "Era é a palavra chave dessa frase garoto. Obviamente ele não é mais. Ele nem conseguiu salvar nossa mãe."

"Chase." Clark o repreendeu parando na porta. "Já chega."

"Que seja." Chase suspirou e se recostou na parede.

"Talvez vocês devessem ir se arrumar pra dormir." Lois pegou as mãos de Anna e Ryan.

"Eu não quero ficar aqui." Anna reclamou novamente.

"Ei, que tal isso." Lois se ajoelhou. "Talvez seu pai deixe você arrumar uma bolsa e vir ficar com a gente no hotel?" Ela tirou o cabelo dos olhos de Anna. "Seus primos estão lá. Vocês podem tomar sorvete e assistir filmes. Vai ser como uma festa do pijama."

Anna ficou mais animada. "Como a mamãe fazia?"

"Sim, como sua mãe fazia." Lois disse, as lágrimas ameaçando cair.

"Mas a mamãe pintava minhas unhas e fazia trança no meu cabelo. Você não pode fazer isso." Anna balançou a cabeça. Lois ergueu as sobrancelhas. "Você não sabe fazer. Você só tem meninos."

"Ei, eu sou uma garota, sabia." Lois sorriu mas Anna estava resoluta.

"Eu posso fazer sua trança Anna Banana." Chase se afastou da parede. "Vem, vamos arrumar sua bolsa."

Anna assentiu e deixou Chase pegá-la e sair da sala, Ryan indo logo atrás deles. Oliver deixou a cabeça cair quando eles saíram. "Oliver, ele só está triste." Lois suspirou.

"Não, ele está certo." Ele olhou pra cima. "Eu não consegui salvá-la. Eu costumava salvar estranhos e não consegui nem ao menos... é tudo culpa minha."

"Você não pode fazer isso." Bart falou pela primeira vez. "Você não pode se culpar por isso." Oliver olhou surpreso para seu antigo amigo, ele imaginou que se alguém quisesse culpá-lo pela morte de Chloe, seria Bart. Ele ficou surpreso quando abriu a porta para ver seu velho colega de time parado no corredor mais cedo, eles não se viam desde que Oliver o demitiu há vinte anos atrás, embora Chloe mantivesse contato com todos eles, o que incomodava muito Oliver. Eles ficaram apenas se olhando por um minuto e, surpreendentemente Bart foi o primeiro a falar. "Sabemos como você se sente em relação a nós e eu não me importo. Amávamos Chloe e amamos aquelas crianças e vamos ficar por perto você goste ou não." Oliver foi pego de surpresa com o quanto ele parecia maduro. A risada feliz de Anna foi ouvida e isso finalmente arrancou Oliver de seus pensamentos, ele não a ouvia rir assim desde que Chloe morreu e apesar de como se sentia em relação a eles, independente de qualquer problema que pudesse ter com eles, se eles faziam seus filhos felizes, podiam ficar o quanto quisessem.

"Se eu não tivesse me atrasado, se não tivéssemos nos divorciado, ela não estaria naquele parque, se eu nunca tivesse desistido..." Ele balançou a cabeça.

"Ei, eu também preciso de alguém pra culpar." Lois disparou irritada. "E acredite, por mais que eu queria jogar a culpa em você, eu não posso fazer isso porque há três crianças que precisam de você agora. Você não pode ser engolido pela auto-piedade, e você não pode se culpar, e você não pode se esconder. Você quer culpar alguém, culpe aquele filho da puta do Senhor Johnny." Ela olhou feio pra ele. "Eu vou levá-los esta noite, te dar um tempo pra colocar a cabeça no lugar, mas amanhã, você tem que ser o pai deles."

"Estamos prontos." Chase disse da porta e Lois se virou pra ele, a expressão mais suave.

Oliver foi até Anna e Ryan e se ajoelhou. "Eu vejo vocês amanhã, ok?" Eles assentiram e Oliver os abraçou com força. "Eu amo vocês."

"Também te amo." Anna beijou seu rosto.

"Amo você." Ryan disse virando-se e saindo. Clark pegou os dois menores e os levou para fora da sala enquanto Oliver e Chase olhavam um para o outro.

"Eu não vou voltar amanhã." Chase disse, arrumando a bolsa sobre o ombro. "Eu vou voltar para Smallville com a tia Lois e o tio Clark."

"O quê?" Oliver perguntou.

"Eu vou ficar com eles durante o verão e o outono; vou me transferir para a Met U."

"Você não pode decidir isso assim." Oliver balançou a cabeça. "Você vai para a Universidade de Star City; você tem aquele estágio neste verão."

"Eu vou para Metrópolis." Chase desafiou. "Tia Lois já disse que está tudo bem."

"Ela disse, huh?" Oliver voltou sua raiva para Lois.

"Não fique bravo com ela." Chase falou. "Eu não dei muita opção pra ela. Minha mãe veio de Metrópolis, ela foi para a Met U. Eu só, quero ir onde ela foi, ver o que ela viu."

"Ok, ok." Oliver suspirou. "Eu entendo isso Chase, mas amanhã?" Você tem que partir amanhã?"

"Sim, eu tenho." Chase assentiu.

"Filho, eu..."

"Não vamos fazer isso, pai." Chase balançou a cabeça. "Não vamos fingir que não seremos mais felizes em estados diferentes. Eu não tenho que lidar com você e você não tem que lidar comigo."

"Lidar com você?" Oliver balançou a cabeça. "Você é meu filho, e eu amo você e eu não posso perder você e sua mãe, não ao mesmo tempo."

Chase olhou pra ele por um minuto antes de suspirar. "Você não está me perdendo." Ele balançou a cabeça e Oliver pareceu se acalmar. "Eu venho visitar a Anna e o Ryan." Não era o que ele estava esperando mas já era alguma coisa. Chase apenas assentiu e saiu da sala. Nenhum 'eu te amo', ou 'eu vou sentir sua falta', nem ao menos um abraço.

"Ele só precisa de um tempo pra clarear a cabeça." Lois ofereceu. "Ele iria pra lá se eu deixasse ele ficar com a gente ou não, então achei que era melhor com a gente do que em algum lugar com pessoas que não conhecemos."

"Tudo bem." Oliver disse, vazio, cansado, derrotado. "Está tudo bem. Obrigado... por tudo."

"Ei, pra que servem as primas-cunhadas?" Lois suspirou, dando-lhe um pequeno abraço e deixando-o completamente sozinho em seu apartamento vazio.

"Não!" Oliver balançou a cabeça enquanto a cena desaparecia. "Não vai ser assim."

"Pode ser assim." Mark deu de ombros.

"Eu jamais deixaria chegar a esse ponto." Oliver balançou a cabeça. "Divorciado, um filho que me odeia, Chloe... Oh Deus, Chloe." Oliver se virou para ver Chloe ainda observando a cena completamente parada e em silêncio. "Você está bem?"

"Sim." Ela sorriu. "É um pouco chocante, sabe, ver seus futuros filhos, casamento falido e então a morte, tudo de uma vez." Ela riu. "Especialmente quando meu futuro marido e eu nunca nem saímos."

Oliver deu um pequeno sorriso. "Eu jamais deixaria isso acontecer com você." Oliver segurou seu rosto com as mãos. "Você sabe disso, certo? Eu jamais, jamais deixaria isso acontecer."

"Mas é possível." Mark pontuou. "Isso foi um futuro possível, baseado nas escolhas que você faz, erradas obviamente. Uma você já fez, colocando essa possibilidade em ação."

"Que escolhas erradas?" Oliver perguntou desesperado para impedir que a cena se tornasse realidade.

"Demitindo seu time." Mark disse. "Desistindo." Oliver pareceu confuso. "Desistindo do seu dever, do Arqueiro Verde, da sua busca por justiça. Isso mudou você. Você não era o homem pelo qual Chloe havia se apaixonado e vocês se divorciaram, você se jogou no trabalho e Chase cresceu ressentido com você."

"E Chloe morreu." Oliver disse baixinho.

"E Chloe morreu." Mark confirmou. "Você estava certo, o futuro você. Se vocês não tivessem se divorciado, Chloe jamais estaria naquele parque."

"Não é culpa dele." Chloe defendeu Oliver. "Você não pode jogar isso em cima dele. Eu estava trabalhando numa história sobre um mafioso pelo amor de Deus, se ele não tivesse me encontrando ali, teria me encontrado em outro lugar."

"Você está perdendo o foco." Mark falou. "Se ele não tivesse desistido do Arqueiro Verde, se ele não tivesse desfeito a Liga da Justiça, Star City jamais seria daquele jeito, o Senhor Johnny nem existiria pra ter sua história sendo escrita. Ele teria sido preso anos antes pelo Arqueiro Verde, mandado para a cadeia, e jamais se tornaria um chefe do crime."

"Então, outra pessoa estaria lá."

"Não." Oliver balançou a cabeça, percebendo o que Mark estava tentando dizer a eles. "Não é só o Senhor Johnny, é?" Ele olhou para Chloe. "Você não vê? É Star City, é Gotham, é o mundo. O parque nunca teria ficado perigoso, a máfia nunca teria sido uma ameaça, eu teria impedido antes que as coisas fossem tão longe."

"Batman não teria morrido porque ele teria cobertura, sua, do seu time e Gotham nunca teria ficado fora de controle desse jeito." Mark disse. "Não é justo, é muito peso para o ombro de uma pessoa, mas uma simples escolha pode mudar muita coisa."

"Oliver não pode ser responsável por tudo isso." Chloe balançou a cabeça. "Sem ofensa."

"Tudo bem." Oliver disse.

"Não é só o Oliver." Mark balançou a cabeça. "É o que ele representa para as pessoas. O que ele faz, o que ele defende e isso incentiva os cidadãos de Star City. Ele faz o bem, isso é verdade, mas é mais sobre a inspiração que ele é para as pessoas. Ele anima a comunidade a não aceitar coisas como as regras da máfia, os altos índices de violência. Eles têm orgulho de sua cidade e trabalham para deixá-la melhor."

"Você disse que esse era um futuro possível." Oliver disse depois de um minuto  "E se eu não desistir?" Ele perguntou. "E se eu continuar? Continuar lutando?"

Mark sorriu e a cena desapareceu ao redor deles.

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6 comentários:

  1. Uau!!!
    Uma simples escolha, olha só para onde pode levar uma vida.
    Profundo esse capitulo!!

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  2. Nossa... que capítulo emocionante... Louca para ver o futuro com ele sem ter desistido...

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  3. Muito bom esse capitulo. Tadinha da Chloe. Mas o Ollie nao vai deixar acontecer esse futuro dela nao.
    Agora vamos ver o q acontece se ele nao desistir. Algo me diz que vem coisa boa por ai...

    Reh

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  4. AI MEU DEUS!
    Me arrasou esse capítulo!!!! Bem que a Adrirockgirl avisou...
    E agora tô curiosíssima pra saber como poderia ser o futuro deles, com a outra escolha do Ollie...

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  5. E eu tão feliz lendo o começo de Chlollie, pena que depois vira um pesadelo. QUERO MAIS!!!!!!!!!!!!!
    vILM@

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  6. Oliver, não vai permitir esse futuro... não mesmo.

    Vou correndo ler a continuação.

    GIL

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